quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Análise dos problemas brasileiros sob a ótica da obra: “O Pensamento Econômico Social de Calvino" (André Biéler).

1.      Introdução

 

Este trabalho acadêmico se presta a analisar dez problemas brasileiros a luz da teologia de João Calvino exposta na obra “O pensamento Econômico e Social de Calvino” do professor André Biéler (1914 – 2006). Ex-aluno da faculdade de teologia de Genebra, Professor de teologia e Doutor em Economia, erudito e comprometido na pesquisa e nos estudos políticos. Também conhecido por sua outra obra:A Forca Oculta dos Protestantes”.

A Obra consiste em uma análise documental dos escritos de João Calvino demonstrando sua preocupação pastoral na análise da realidade que a cerca. O corpo do trabalho em questão está dividido em três partes: O pensamento econômico e social de Calvino – André Biéler. Um breve relato do pensamento de Calvino extraído do Livro; Problemas Sociais do Brasil, Enumerando e expondo os mesmos; O pensamento econômico e social de Calvino e o Brasil, uma relação direta entre os problemas sociais e o pensamento de Calvino.

 

2.      O pensamento econômico e social de Calvino – André Biéler.

 

BIÉLER, André. O pensamento Econômico e Social de Calvino. São Paulo: Cultura Cristã, 2012.

 

Em sua obra Biéler expõe a teologia de Calvino, em uma fuga do conhecimento puramente antropocêntrico ao conhecimento do homem total, que tem o seu centro no ministério de Deus. Segundo Biéler o homem não pode conhecer-se a parte do conhecimento que Deus lhe dá de si mesmo nem tornar-se seu próprio Senhor, ser independente de Deus para forjar sua própria ética. No desprezo a Deus e sua palavra e a inclinação para viver sem Ele o homem conserva no homem pecador seus dons naturais e pela pura graça de deus que dá como lhe apraz.

Deus retarda a destruição e prepara a restauração provendo em Cristo o começo da segunda criação. Ele tem as características da verdadeira natureza humana. Perfeição original. Sua finalidade é a restauração da humanidade inteira já que a nova vida inaugurada por Cristo promove uma nova criatura. Substituição da vida de Cristo pela do homem. Cristo provê justificação para todas as obras de Deus.

Segundo Biéler, Para entender o pensamento de Calvino é preciso entender sua percepção do caráter ambíguo da natureza humana: Moral espiritual e da lei. Um duplo regime, o da igreja e o do estado. Cristo cumpre as duas e nEle o homem é liberto da lei, mas passa a viver da lei moral e é mantido nela pela força de uma normativa moral externa. A lei moral serve para convencer o homem do pecado e de sua natureza pecaminosa que prefere o mal ao bem. A diferença entre ética bíblica e ética profana, o evangelho é o meio de viver a moral bíblica. Viver ético sem distinção entre religioso e profano. Diz respeito a toda a existência onde o Cristão obedece livremente.

O Bom uso dos recursos, significado social dos bens é o próximo. Bíblia conduz a Deus e as obras e ações demonstram a medida da fé de cada um. Preciso contextualizar a aplicação distinguindo o que é permanente do que é provisório. É necessário ver os problemas enfrentados dentro de um quando maior. É o quadro maior que dá significação profunda a realidade já que a palavra de Deus anima a toda criação, Cristo é a palavra encarnada.

Importante entender que para Calvino a ação de um Deus pessoal suscita o pleno exercício da responsabilidade e da liberdade do homem. Que essa ação opõe-se a todas as obras do acaso coordena a ação das causas intermediárias e suscita o pleno exercício da responsabilidade humana. A economia, portanto, que está à disposição da sociedade humana é de superabundância e de superfluidade de riqueza com a função de levar o homem a reconhecer a graciosidade de Deus. A ordem social humana original é desenvolvida por Deus através da criação do casal, instituição da família e do trabalho. Sendo a solidariedade o meio de interdependência humana econômica de todas as criaturas, pregando, Calvino, a igualdade de direto aos benefícios da criação.

            A degradação humana acarretou sérias perturbações em toda a criação. Embora decaído de sua natureza original, permanece sempre rei e fim de tida a criação. O homem precisa interpretar a narrativa da queda e suas conseqüências cósmicas, olhar para o a situação atual do mundo sob essa ótica. O homem alijado de seu trono de rei da criação. A responsabilidade de assegurar o equilíbrio econômico continua sob incumbência do homem. O homem alienado de Deus e de sua responsabilidade. Relacionamentos afetados promovem desordem e desequilíbrio nos casais, na família e nas relações hierárquicas do trabalho como conseqüência do mal. A obra de Cristo restaura todo o universo, toda a criação é chamada para participar da grande obra de restauração começada pelo filho, bem como o homem recupera, ainda que parcialmente, sua soberania sobre a natureza.

A nova sociedade estabelecida é a igreja, já que se compreende a vida em Cristo como vida social. Sem suprimir as distinções de sexo, de funções sociais de língua e raças, elimina-lhes o caráter segregador que o pecado lhe confere. Em Cristo não há diferença entre ricos e pobres, homens e mulheres, em função da nacionalidade, ou de classes sociais. Já a estrutura social moderna é baseada na entrega dos homens ao desperdício, estocagem e a especulação sobre os dons que Deus lhes havia confiado para o bom uso e do bem de que seus irmãos, distante do equilíbrio econômico natural.

            Biéler fala também a respeito da política que rege todas as relações sociais e da necessidade da hierarquia para ordem social. Que a obediência a hierarquia não depende de maior ou menor valor pessoal, mas que a autoridade dos superiores não é ilimitada, antes se detém aos valores em conformidade com a palavra de Deus já que a finalidade está na vinda definitiva do Reino de Deus. Essa vinda renovará a igreja, restaurará a natureza totalmente e renovará totalmente a sociedade através da unidade da Igreja. Por isso o autor passa a tratar da relação Igreja e Estado, entendendo os dois como providência Divina na preservação da sua igreja e da sociedade. Uma cuida do regime moral espiritual através de seus ministérios e outra do regime moral político, as leis e os magistrados. Biéler assume que no mundo deturpado pelo pecado o estado está sempre inclinado a facilitar, encorajar e proteger uma falsa igreja, sem valores espirituais concernentes com a vontade de Deus, desde que seja favorável e submissa.

            Por fim, o Autor fala sobre ordem civil e a posição dos cristãos nessa dinâmica social e política. Fala que para salvaguardar e manter a ordem civil e política faz-se necessário a providencia do Criador e que essa providência se expressa nas relações entre as autoridades, o Estado figura na teologia de Calvino como providência de Deus. Por isso ela é também limitada por Deus. Fala contra o espírito revolucionário e, em contra partida, contra o conformismo político. Entende o papel da igreja como de engajamento político ativo, mas em esferas diferenciadas Igreja e Estado. Vê também como única forma de desordem social, por parte dos cristãos, O testemunho efetivo e a oração por justiça, bem como a busca por meios legais de se contrapor a governos que não estão em conformidade com a palavra de Deus. Dentro dessa ótica, advertir as autoridades de seus maus caminhos, a defesa dos pobres e fracos contra os ricos e poderosos, e o recurso às autoridades na aplicação das sanções disciplinares prefiguram o ideal cristão em sua relação direta com o Estado.

 

 

3.      Problemas Sociais do Brasil

O objetivo agora se posta em apresentar os principais problemas brasileiros e influência na vida das pessoas. Apesar dos avanços dos últimos anos, a atual crise política brasileira revela que o assistencialismo praticado no Brasil apenas mascarou a realidade em um otimismo ilusório. Os problemas brasileiros estão gritando e carecendo de uma atuação urgente do evangelho. Listaremos agora alguns dos diversos problemas enfrentados pela sociedade brasileira.

3.1.   Corrupção

Em uma inter-relação com os demais problemas sociais a corrupção corrói nossa sociedade e desmorona a esperança de qualquer avanço em todos as demais áreas. Além de crime um problema social, devido afetar diretamente a população brasileira. A corrupção generalizada e “institucionalizada” se evidencia nas fraudes públicas que custam ao país bilhões de dólares por ano. Elas ocorrem quando governantes, funcionários públicos e pessoas do setor privado usam o dinheiro dos impostos para se beneficiar e enriquecer (Ecofidelidade, 2016).
            Hoje a população entende que não só a classe média era prejudicada com a corrupção e o excesso de impostos escoados pelo desvio de dinheiro dos cofres públicos. Além do dinheiro desviado, que deveria ser investido na construção de casas populares, no saneamento básico, em educação, na melhoria de hospitais públicos e nos transportes, a credibilidade do país é jogada na lama (Ecofidelidade, 2016). A conseqüência direta é o fim dos investimentos, diminuição de crédito, enfraquecimento do comércio, estagnação da estrutura econômica, desemprego... Um ciclo que se reinicia com a diminuição significativa do poder de compra do brasileiro.  O pior nessa prática é que a política apenas reflete o costume brasileiro baseado no jeitinho, que significa corrupção. Ela se alastra em todos os níveis da população através do desejo de levar vantagem em tudo levado a cabo nas pequenas coisas.

3.2.   Saúde

A realidade Brasileira na saúde se exemplifica nos hospitais superlotados, falta de medicamentos, greves de funcionários, aparelhos quebrados, filas para atendimento, prédios mal conservados são os principais problemas encontrados em hospitais e postos de saúde da rede pública. Alastra-se na má formação dos profissionais bem como na má remuneração dos profissionais da estrutura da rede de assistência a saúde. A população mais afetada é a carente, dependente do SUS. Um abismo se coloca entre as classes, uma com acesso a o que se pode oferecer de melhor na medicina e outra morrendo nos corredores dos hospitais (Sua Pesquisa, 2016). Os serviços públicos de saúde, na sua maioria, apresentam problemas estruturais, com filas imensas e demoradas, ausência de aparelhos e medicamentos, pequeno número de funcionários, ou seja, total desrespeito com o cidadão que necessita desse serviço (CERQUEIRA, 2016).

3.3.   Educação

Os dados sobre o desempenho dos alunos, principalmente da rede pública de ensino, são alarmantes. A educação pública enfrenta prédios mal conservados, falta de professores, poucos recursos didáticos, baixos salários, greves, violência dentro das escolas (Sua Pesquisa, 2016). Por isso o sistema educacional brasileiro tal como constituído hoje colabora para o processo de concentração de renda e aumenta a desigualdade em vez de diminuí-la. Dois caminhos se colocam aos ricos e pobres. A marginalização e a educação de primeiro mundo caminham lado a lado no processo de formação apontando, também, dois fins igualmente distantes um do outro. A qualidade da educação pública primária é tão baixa que muitos dos alunos que frequentam as séries primárias ainda são definidos como analfabetos funcionais. A massificação do ensino, apesar de diminuir a diferença (LUNA e KLEIN, 2009).

3.4.   Má distribuição de Renda

A desigualdade social é consideravelmente marcante no contexto brasileiro.  A distribuição de renda é desigual, sendo que uma pequena parcela da sociedade é muito rica, enquanto grande parte da população vive na pobreza e miséria. (Sua Pesquisa, 2016).  Essa miséria tem servido para a manutenção da riqueza dos ricos, bem como para a manipulação de interesse por parte dos detentores do poder. Ao contrario do que aponta LUNA e KLEIN (2009), apenas com programas implantados no orçamento nacional não é suficiente para reverter esses extraordinários níveis de desigualdade.

3.5.   Drogas

Outro quadro preocupante no contexto brasileiro é o abuso e dependência de psicotrópicos e entorpecentes. Drogas lícitas, como álcool e cigarro, e ilícitas precisam ser encaradas como problema social por impactarem negativamente milhares de lares brasileiros direta ou indiretamente. Vivemos em uma sociedade hedonista (do grego, hedoné, que significa “prazer”) e alguns jovens buscam na droga a euforia, ou como uma fuga dos problemas, ou pela busca de mais prazer, ou por influência dos amigos afirma Venturi (2012).

O Professor afirma ainda que a lei Antidrogas (11.343/06) foi promulgada com a pretensão de diminuir o número de presos ao determinar tratamentos ou penas alternativas aos usuários. Mas que a venda de drogas tornou-se o delito mais comum, e a quantidade de detentos por tráfico teve um incremento de 166%, enquanto a população carcerária de modo geral cresceu bem menos, 36%. As tentativas de resolver a questão através da repressão policial têm esbarrado na ineficácia (VENTURI, 2012).

3.6.   Infra-Estrutura

Com relação à Infra-Estrutura Brasileira, Como em quase todos os países em desenvolvimento, o Brasil também apresenta grandes diferenças entre a população urbana e rural. Com o êxodo rural o acúmulo de pessoas na zona urbana promove problemas ainda maiores para ambos os setores como, por exemplo, a renda média de uma família da zona rural era apenas a metade daquela de uma família residente nos centros urbanos (LUNA e KLEIN, 2009).
Outro exemplo é a questão de moradia. O déficit habitacional é grande no Brasil. Existem milhões de famílias que não possuem condições habitacionais adequadas. Nas grandes e médias cidades é muito comum a presença de favelas e cortiços (Sua Pesquisa, 2016). A situação inadequada de vida dos moradores de rua também é lastimável. Com o processo de urbanização no Brasil, intensificado a partir da década de 1950, as atividades industriais se expandiram, atraindo cada vez mais pessoas para as cidades. A falta de planejamento acarretou no inchaço das cidades e na falta de uma infra-estrutura adequada gera transtornos para a população urbana (CERQUEIRA, 2016).
A corrupção pode ser relacionada nessa questão, que se refere ao desvio de verbas que poderiam ser utilizadas para melhorias em portos, estradas, escolas, universidades, postos de saúde, etc. Isso contribui para o atraso econômico do país e a manutenção da pobreza (Ecofidelidade, 2016). A urbanização se relaciona, também com a violência, pois todos estão vulneráveis aos crimes que ocorrem, principalmente nas grandes cidades do Brasil. Diariamente têm-se notícias de assassinatos, assaltos, sequestros, agressões, e outros tipos de violência (CERQUEIRA, 2016).

 

3.7.   Violência

Nos acostumamos as notícias dos jornais, rádios e TVs com cenas de assaltos, crimes e agressões físicas. A falta de um rigor maior no cumprimento das leis aliada as injustiças sociais podem explicar a intensificação destes problemas em nosso país (Sua Pesquisa, 2016). Outra explicação se dá na desigualdade social Uma pequena parcela da população brasileira é muito rica, enquanto a maioria é pobre, reflexo da grande desigualdade na distribuição de renda (CERQUEIRA, 2016).

3.8.   Ecologia

O desrespeito com a natureza é exemplificado na poluição e na extração predatória dos recursos do planeta. A poluição tem afetado diretamente a saúde das pessoas em nosso país. Os rios estão sendo poluídos por lixo doméstico e industrial, trazendo doenças e afetando os ecossistemas. O ar, principalmente nas grandes cidades, está recendo toneladas de gases poluentes, derivados da queima de combustíveis fósseis. Este tipo de poluição afeta diretamente a saúde das pessoas, provocando doenças respiratórias (Sua Pesquisa, 2016).
A ganância das grandes corporações impulsiona a extração de minerais e matéria prima como madeira sem preocupação ambiental, sem responsabilidade com a continuidade das florestas, rios e demais ecossistemas, continuando a corroer seu próprio habitat.

3.9.   Desemprego

Outro grande vilão da dignidade do brasileiro volta a solapar nossa sociedade, o desemprego hoje já é uma realidade encarada por diversos pais de família. Com a retração da economia o país, que perdeu uma oportunidade histórica de ascensão social, mas não o suficiente para gerar os empregos necessários. A falta de uma boa formação educacional e qualificação profissional de qualidade também atrapalham a vida dos desempregados. Muitos têm optado pelo emprego informal (sem carteira registrada), fator que não é positivo, pois estes trabalhadores ficam sem a garantia dos direitos trabalhistas (Sua Pesquisa, 2016).

3.10.   Racismo

De base escravocrata, O Brasil ainda sofre com o ranço das relações raciais. O preconceito e a discriminação racial são uma realidade, em muitos casos, velada em nossa sociedade. Sua maior evidencia está na menor mobilidade social e acesso a recursos econômicos. Apensar da pobreza não ser definida exclusivamente pela cor, por exemplo, as favelas no Brasil que são centros multirraciais, constatou-se que, entre a população de cor, o número de analfabetos é bem maior do que entre os brancos. Em todo o país, os adultos negros e pardos têm duas vezes mais chances de serem analfabetos funcionais do que os brancos (ou 32% contra 18% em 2002).
A renda também apresenta diferenças gritantes entre raças. Em 2003, a renda da população branca era o dobro daquela da população negra e parda, e isso foi observado em todas as regiões, exceto no Norte, onde a população negra e parda tinha renda equivalente a dois terços da renda média da população branca. O Pnud, das Nações Unidas, estimou que, em 2000, a taxa de mortalidade infantil entre os filhos de mães negras foi dois terços maior do que entre os filhos de mães brancas (LUNA e KLEIN, 2009), outra evidencia de que

4.      O pensamento econômico e social de Calvino e o Brasil

 

Nesse ponto serão apresentadas as relações entre os problemas sócias Brasileiros e o pensamento econômico e social de Calvino segundo o professor André Biéler. Serão assumidos grupos de problemas para serem tratados juntos, conforme sua a relação que possuam entre si, para evitar a repetição de conceitos que os abordem de forma comum.

 

4.1.   Corrupção.

Em uma relação direta com todos os outros problemas está a corrupção humana. O caráter ambíguo da natureza humana, a saber: Moral espiritual e da lei, está corrompido e a ética envolvida nos relacionamentos humanos segue as regras impostas pelo pecado. O que se apresenta em âmbitos individuais se prolifera na esfera pública. Os escândalos recorrentes na história da nação votaram a tona e refletem um histórico de impunidade e institucionalização da corrupção. Para Calvino a ética bíblica é vivida pelo evangelho, por tanto somente a atuação de homens guiados por Deus pode soerguer o vale de ossos secos que é o caos moral dos governantes.
Dependemos do poder limitador de Deus no que se refere a maldade humana e confiar em seu governo e na sua providencia, já que Ele mesmo institui governos sob seu propósito. Outro ponto citado por Biéler, em referencia a Calvino, é o fato da igreja pode valer-se de meios legais para se opor a corrupção generalizada instaurada na nação.

 

4.2.   Infra-Estrutura, desemprego, racismo.

 

Nesse bloco de problemas sociais a reflexão se coloca no sentido da mordomia humana dos recursos disponibilizados por Deus, já que se entrelaçam em um ciclo vicioso. Para o autor, somente a atuação redentora do ministério de Cristo pode restaurar o padrão de humanidade na sociedade. Em Cristo o muro racial que existia entre judeus e gentios foi abolido e, dessa forma foi evidencia que Deus não faz acepção de pessoas por cor, sexo ou condição social, antes deseja que sua justiça e a ética do seu reino rejam as ações humanas dessa forma ele é a solução para a nossa falta de pudor em afundar na lógica do capitalismo a qualquer custo.

A desastrosa maneira de propor a vida sob a ótica do egoísmo leva uma gestão social que usurpa das condições mínimas de muitos e detrimento de poucos, e o que seria de ganho social, no produto do trabalho humano é injustamente pessimamente dividido gera uma parte da sociedade com a maioria dos recursos e gozando de plena infra-estrutura em detrimento de uma maioria que fica entregue as intempéries de uma vida sem estrutura básica.

Cabe aos cristãos, portanto, advertir as autoridades de seus maus caminhos, a defesa dos pobres e fracos contra os ricos e poderosos, e o recurso às autoridades na aplicação das sanções disciplinares prefiguram o ideal cristão em sua relação direta com o Estado. O Estado, o homem, é o responsável pela gestão dos recursos doados por Deus e essa partilha será cobra da conta dos que nessa vida usurpam dos direitos e das condições mínimas dos próximos.

 

4.3.   Saúde, drogas e educação.


Ainda sobre a gestão de recursos e da responsabilidade humana nessa questão, a saúde e a educação se colocam além das questões anteriores por contruirem e preservarem o maior dom de Deus. A vida e a abundancia dela. A comunicação é propósito e dádiva de Deus, meio pelo qual se faz conhecido através da revelação específica, bem como a percepção da criação através de sua observação com objetivo de se aproximar de Deus dada através de recursos intelectuais providos pelo próprio Deus em sua revelação geral, são alcançados pela educação e ela rendida a soberania, valores e conceito de Deus.
A degradação humana acarretou sérias perturbações em toda a criação, mas aos cristãos, Deus imbuiu de, através do conhecimento de sua palavra e da ciência da responsabilidade de gestão, capacidade para reverter o quadro opressor no que se refere a limitação intencional à educação e a saúde, em todos os seus âmbitos. Essa limitação serve para retroalimentar o próprio sistema, produzindo uma sociedade a margem da sociedade. Facilita a alienação a respeito de Deus, da própria natureza humana a imagem de seu criador, e por conseguinte, de seus direitos e valor social. O homem é convidado, em Cristo, à restauração.

4.4.   Ecologia


A terra geme e anseia pela volta de Cristo e o completar de sua obra. A consinecia Reformada aponta para o restaurar de todo o universo. Os mandos e desmando do homem são marca de sua atuação corrompida no seu dever de regente da terra e será devidamente cobrado por suas más ações. Para Calvino as obras e ações demonstram a medida da fé de cada um. Uma humanidade que se desgarra da fé e da consciência da existência de Deus se acha no direito de depredar sua obra, se acha no direito de usurpar de forma predatória da criação. A mesma postura tomada contra os que praticam o mal contra o próximo devem ser tomadas na proteção da natureza e gestão de seus recursos. Além de uma postura de preservação, valorização e cuidado por parte dos cristão, medidas legais precisam ser tomadas contra os que depredam e fazem mal uso dos recursos que o próprio Deus criou para louvor de sua glória e para habitação humana.

Dessa forma Calvino afirma que a criação é chamada para participar da grande obra de restauração começada pelo filho, bem como o homem recupera, ainda que parcialmente, sua soberania sobre a natureza.

 

4.5.   Má distribuição de renda e violência.

 

A base da estrutura do capitalismo se apresenta em forma de desperdício, estocagem e a especulação sobre os dons que Deus lhes havia confiado para o bom uso e do bem. Isso tem gerado a fome e a miséria da maioria em detrimento da benesse de poucos e essa realidade brutal se apresenta como um dos motivos principais para a violência. Passar fome e ver o próximo desperdiçar comida. Não ter onde morar ou o que vestir e assistir os poucos esbanjar em suas posses não é bem aceito e processado por uma sociedade de poucos recursos de percepção da realidade. Uma bomba relógio que explode em todos os lugares de nossa nação. Essa distância do equilíbrio econômico natural programado por Deus precisa ser combatida através de uma mudança de realidade e de objetivos gerais da sociedade.

O colapso desse sistema tem produzido dois caminhos claros: O uso de suas falhas para apontar um caminho onde o próprio homem é o agente de transformação da sociedade, perdendo-se na natureza pecaminosa e incapacidade humana de dominar o pecado, findando-se em um caminho cíclico; ou na barbárie. Somente o Pai pode nos livrar de nós mesmos. Calvino aponta para a Bíblia e fala que somente ela conduz a Deus. Somente ela nos ajuda a distinguir o que é permanente do que é provisório e a escolher as coisas que são eternas. A superabundância da riqueza dada por Deus precisa ser de acesso a todos os homens, todos precisam reconhecer a graciosidade de Deus através de sua obra e somente a interdependência sob a tutela do Espírito santo pode propor ao homem uma nova forma de enxergar sua própria existência em relação a sua função de glorificar a Deus e gozá-lo bem como sua criação. A solidariedade é a arma demonstrada por Biéler para tal.

 

5.      Conclusão

 

 

A obra é de imprescindível valor para o estudo do pensamento de Calvino no que diz respeito ao tema proposto, bem com como uma opção Bíblica a matéria dominada por pensadores ateus e distantes do principal, glorificá-lo apontando como causa e propósito da sociedade, e do próprio autoconhecimento. Uma obra completa e de leitura agradável. De valor inestimável na biblioteca de pastores, estudantes de sociologia e da igreja como um todo, precisando ser exposta na igreja como contextualização dos princípios bíblicos em relação ao contexto social e político vigente. Mesmo com a distância temporal de sua confecção, o texto é também atual e indispensável para nossos dias.

6.      Referências Bibliográficas

 

 

BIÉLER, André. O pensamento Econômico e Social de Calvino. São Paulo: Cultura Cristã, 2012.


Ecofidelidade. Programa de incentivo ao consumo susutêntável. Os principais problemas sociais do brasil educação ambietal e social. Ecofidelidade, 2016.
Disponível em: ˂http://www.ecofidelidade.com.br/dicas.aspx?category=1&idd=26˃. Acesso em: 04/06/2016.

CERQUEIRA, Wagner de. Problemas sociais nas cidades do Brasil. Mundo Educação: Geografia humana do Brasil, 2016.Disponível em: ˂http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/problemas-sociais-nas-cidades-brasil.htm˃. Acesso em: 04/06/2016.

LUNA, Francisco Vidal. KLEIN, Herbert S. Desigualdade e indicadores sociais no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009.
In: O Sociólogo e as Políticas públicas: Ensaios em Homenagem a Simon Schwartzman/ Luisa Farah Schwartzman, Isabel Farah Schwartzman, Felipe Farah Schwartzman, Michel Lent Schwartzman, organizadores. — Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009.

Sua Pesquisa.com. Problemas Sociais do Brasil: Sua Pesquisa.com, 2016.

Disponível em: ˂http://www.suapesquisa.com/religiaosociais/problemas_sociais.htm˃. Acesso em: 04/06/2016.

VENTURI, Jacir José. Drogas: Um Problema Social, Governamental, Escolar e Familiar. Planeta Educação, 2012.
Disponível em: ˂http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=2335˃. Acesso em: 04/06/2016.

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