1. Introdução
Este trabalho acadêmico se presta
a analisar dez problemas brasileiros a luz da teologia de João Calvino exposta
na obra “O pensamento Econômico e Social de Calvino” do professor André Biéler (1914
– 2006). Ex-aluno da faculdade de teologia de Genebra, Professor de teologia e
Doutor em Economia, erudito e comprometido na pesquisa e nos estudos políticos.
Também conhecido por sua outra obra: “A Forca Oculta dos Protestantes”.
A Obra consiste em uma análise
documental dos escritos de João Calvino demonstrando sua preocupação pastoral
na análise da realidade que a cerca. O corpo do trabalho em questão está
dividido em três partes: O pensamento econômico e social de Calvino – André
Biéler. Um breve relato do pensamento de Calvino extraído do Livro; Problemas
Sociais do Brasil, Enumerando e expondo os mesmos; O pensamento econômico e
social de Calvino e o Brasil, uma relação direta entre os problemas sociais e o
pensamento de Calvino.
2.
O
pensamento econômico e social de Calvino – André Biéler.
BIÉLER, André. O pensamento
Econômico e Social de Calvino. São Paulo: Cultura Cristã, 2012.
Em sua obra Biéler expõe a teologia
de Calvino, em uma fuga do conhecimento puramente antropocêntrico ao
conhecimento do homem total, que tem o seu centro no ministério de Deus.
Segundo Biéler o homem não pode conhecer-se a parte do conhecimento que Deus
lhe dá de si mesmo nem tornar-se seu próprio Senhor, ser independente de Deus
para forjar sua própria ética. No desprezo a Deus e sua palavra e a inclinação
para viver sem Ele o homem conserva no homem pecador seus dons naturais e pela
pura graça de deus que dá como lhe apraz.
Deus retarda a destruição e
prepara a restauração provendo em Cristo o começo da segunda criação. Ele tem
as características da verdadeira natureza humana. Perfeição original. Sua finalidade
é a restauração da humanidade inteira já que a nova vida inaugurada por Cristo promove
uma nova criatura. Substituição da vida de Cristo pela do homem. Cristo provê justificação
para todas as obras de Deus.
Segundo Biéler, Para entender o
pensamento de Calvino é preciso entender sua percepção do caráter ambíguo da
natureza humana: Moral espiritual e da lei. Um duplo regime, o da igreja e o do
estado. Cristo cumpre as duas e nEle o homem é liberto da lei, mas passa a
viver da lei moral e é mantido nela pela força de uma normativa moral externa.
A lei moral serve para convencer o homem do pecado e de sua natureza pecaminosa
que prefere o mal ao bem. A diferença entre ética bíblica e ética profana, o
evangelho é o meio de viver a moral bíblica. Viver ético sem distinção entre
religioso e profano. Diz respeito a toda a existência onde o Cristão obedece
livremente.
O Bom uso dos recursos,
significado social dos bens é o próximo. Bíblia conduz a Deus e as obras e
ações demonstram a medida da fé de cada um. Preciso contextualizar a aplicação
distinguindo o que é permanente do que é provisório. É necessário ver os
problemas enfrentados dentro de um quando maior. É o quadro maior que dá significação
profunda a realidade já que a palavra de Deus anima a toda criação, Cristo é a
palavra encarnada.
Importante entender que para
Calvino a ação de um Deus pessoal suscita o pleno exercício da responsabilidade
e da liberdade do homem. Que essa ação opõe-se a todas as obras do acaso
coordena a ação das causas intermediárias e suscita o pleno exercício da
responsabilidade humana. A economia, portanto, que está à disposição da
sociedade humana é de superabundância e de superfluidade de riqueza com a
função de levar o homem a reconhecer a graciosidade de Deus. A ordem social
humana original é desenvolvida por Deus através da criação do casal,
instituição da família e do trabalho. Sendo a solidariedade o meio de
interdependência humana econômica de todas as criaturas, pregando, Calvino, a
igualdade de direto aos benefícios da criação.
A degradação humana
acarretou sérias perturbações em toda a criação. Embora decaído de sua natureza
original, permanece sempre rei e fim de tida a criação. O homem precisa
interpretar a narrativa da queda e suas conseqüências cósmicas, olhar para o a
situação atual do mundo sob essa ótica. O homem alijado de seu trono de rei da
criação. A responsabilidade de assegurar o equilíbrio econômico continua sob incumbência
do homem. O homem alienado de Deus e de sua responsabilidade. Relacionamentos
afetados promovem desordem e desequilíbrio nos casais, na família e nas
relações hierárquicas do trabalho como conseqüência do mal. A obra de Cristo
restaura todo o universo, toda a criação é chamada para participar da grande
obra de restauração começada pelo filho, bem como o homem recupera, ainda que
parcialmente, sua soberania sobre a natureza.
A nova sociedade estabelecida é a
igreja, já que se compreende a vida em Cristo como vida social. Sem suprimir as
distinções de sexo, de funções sociais de língua e raças, elimina-lhes o
caráter segregador que o pecado lhe confere. Em Cristo não há diferença entre
ricos e pobres, homens e mulheres, em função da nacionalidade, ou de classes
sociais. Já a estrutura social moderna é baseada na entrega dos homens ao
desperdício, estocagem e a especulação sobre os dons que Deus lhes havia
confiado para o bom uso e do bem de que seus irmãos, distante do equilíbrio
econômico natural.
Biéler fala também a
respeito da política que rege todas as relações sociais e da necessidade da
hierarquia para ordem social. Que a obediência a hierarquia não depende de
maior ou menor valor pessoal, mas que a autoridade dos superiores não é
ilimitada, antes se detém aos valores em conformidade com a palavra de Deus já
que a finalidade está na vinda definitiva do Reino de Deus. Essa vinda renovará
a igreja, restaurará a natureza totalmente e renovará totalmente a sociedade
através da unidade da Igreja. Por isso o autor passa a tratar da relação Igreja
e Estado, entendendo os dois como providência Divina na preservação da sua
igreja e da sociedade. Uma cuida do regime moral espiritual através de seus
ministérios e outra do regime moral político, as leis e os magistrados. Biéler
assume que no mundo deturpado pelo pecado o estado está sempre inclinado a
facilitar, encorajar e proteger uma falsa igreja, sem valores espirituais
concernentes com a vontade de Deus, desde que seja favorável e submissa.
Por fim, o Autor fala
sobre ordem civil e a posição dos cristãos nessa dinâmica social e política.
Fala que para salvaguardar e manter a ordem civil e política faz-se necessário
a providencia do Criador e que essa providência se expressa nas relações entre
as autoridades, o Estado figura na teologia de Calvino como providência de
Deus. Por isso ela é também limitada por Deus. Fala contra o espírito
revolucionário e, em contra partida, contra o conformismo político. Entende o
papel da igreja como de engajamento político ativo, mas em esferas
diferenciadas Igreja e Estado. Vê também como única forma de desordem social,
por parte dos cristãos, O testemunho efetivo e a oração por justiça, bem como a
busca por meios legais de se contrapor a governos que não estão em conformidade
com a palavra de Deus. Dentro dessa ótica, advertir as autoridades de seus maus
caminhos, a defesa dos pobres e fracos contra os ricos e poderosos, e o recurso
às autoridades na aplicação das sanções disciplinares prefiguram o ideal
cristão em sua relação direta com o Estado.
3.
Problemas
Sociais do Brasil
O objetivo agora
se posta em apresentar os principais problemas brasileiros e influência na vida
das pessoas. Apesar dos avanços dos últimos anos, a atual crise política
brasileira revela que o assistencialismo praticado no Brasil apenas mascarou a
realidade em um otimismo ilusório. Os problemas brasileiros estão gritando e
carecendo de uma atuação urgente do evangelho. Listaremos agora alguns dos
diversos problemas enfrentados pela sociedade brasileira.
3.1.
Corrupção
Em uma inter-relação com os demais
problemas sociais a corrupção corrói nossa sociedade e desmorona a esperança de
qualquer avanço em todos as demais áreas. Além de crime um problema social,
devido afetar diretamente a população brasileira. A corrupção generalizada e
“institucionalizada” se evidencia nas fraudes públicas que custam ao país
bilhões de dólares por ano. Elas ocorrem quando governantes, funcionários
públicos e pessoas do setor privado usam o dinheiro dos impostos para se
beneficiar e enriquecer (Ecofidelidade, 2016).
Hoje
a população entende que não só a classe média era prejudicada com a corrupção e
o excesso de impostos escoados pelo desvio de dinheiro dos cofres públicos.
Além do dinheiro desviado, que deveria ser investido na construção de casas
populares, no saneamento básico, em educação, na melhoria de hospitais públicos
e nos transportes, a credibilidade do país é jogada na lama (Ecofidelidade, 2016). A conseqüência direta é o fim dos
investimentos, diminuição de crédito, enfraquecimento do comércio, estagnação
da estrutura econômica, desemprego... Um ciclo que se reinicia com a diminuição
significativa do poder de compra do brasileiro. O pior nessa prática é que a política apenas
reflete o costume brasileiro baseado no jeitinho, que significa corrupção. Ela
se alastra em todos os níveis da população através do desejo de levar vantagem
em tudo levado a cabo nas pequenas coisas.
3.2.
Saúde
A realidade Brasileira na saúde se exemplifica nos
hospitais superlotados, falta de medicamentos, greves de funcionários,
aparelhos quebrados, filas para atendimento, prédios mal conservados são os
principais problemas encontrados em hospitais e postos de saúde da rede
pública. Alastra-se na má formação dos profissionais bem como na má remuneração
dos profissionais da estrutura da rede de assistência a saúde. A população mais
afetada é a carente, dependente do SUS. Um abismo se coloca entre as classes,
uma com acesso a o que se pode oferecer de melhor na medicina e outra morrendo
nos corredores dos hospitais (Sua Pesquisa, 2016). Os serviços públicos de
saúde, na sua maioria, apresentam problemas estruturais, com filas imensas e
demoradas, ausência de aparelhos e medicamentos, pequeno número de
funcionários, ou seja, total desrespeito com o cidadão que necessita desse
serviço (CERQUEIRA, 2016).
3.3.
Educação
Os dados sobre o desempenho dos alunos,
principalmente da rede pública de ensino, são alarmantes. A educação
pública enfrenta prédios mal conservados, falta de professores, poucos recursos
didáticos, baixos salários, greves, violência dentro das escolas (Sua Pesquisa,
2016). Por isso o sistema educacional brasileiro tal como constituído hoje
colabora para o processo de concentração de renda e aumenta a desigualdade em
vez de diminuí-la. Dois caminhos se colocam aos ricos e pobres. A
marginalização e a educação de primeiro mundo caminham lado a lado no processo
de formação apontando, também, dois fins igualmente distantes um do outro. A qualidade
da educação pública primária é tão baixa que muitos dos alunos que frequentam
as séries primárias ainda são definidos como analfabetos funcionais. A massificação
do ensino, apesar de diminuir a diferença (LUNA e KLEIN, 2009).
3.4.
Má distribuição de Renda
A desigualdade social
é consideravelmente marcante no contexto brasileiro. A distribuição de renda é desigual, sendo que
uma pequena parcela da sociedade é muito rica, enquanto grande parte da
população vive na pobreza e miséria. (Sua Pesquisa, 2016). Essa miséria tem servido para a manutenção da
riqueza dos ricos, bem como para a manipulação de interesse por parte dos
detentores do poder. Ao contrario do que aponta LUNA e KLEIN (2009), apenas com
programas implantados no orçamento nacional não é suficiente para reverter
esses extraordinários níveis de desigualdade.
3.5.
Drogas
Outro quadro
preocupante no contexto brasileiro é o abuso e dependência de psicotrópicos e
entorpecentes. Drogas lícitas, como álcool e cigarro, e ilícitas precisam ser
encaradas como problema social por impactarem negativamente milhares de lares
brasileiros direta ou indiretamente. Vivemos
em uma sociedade hedonista (do grego, hedoné, que significa “prazer”) e alguns
jovens buscam na droga a euforia, ou como uma fuga dos problemas, ou pela busca
de mais prazer, ou por influência dos amigos afirma Venturi (2012).
O Professor afirma ainda que a lei Antidrogas (11.343/06) foi promulgada com a
pretensão de diminuir o número de presos ao determinar tratamentos ou penas
alternativas aos usuários. Mas que a
venda de drogas tornou-se o delito mais comum, e a quantidade de detentos por
tráfico teve um incremento de 166%, enquanto a população carcerária de modo
geral cresceu bem menos, 36%. As
tentativas de resolver a questão através da repressão policial têm esbarrado na
ineficácia (VENTURI, 2012).
3.6.
Infra-Estrutura
Com relação à Infra-Estrutura
Brasileira, Como em quase todos os países em desenvolvimento, o Brasil também apresenta
grandes diferenças entre a população urbana e rural. Com o êxodo rural o
acúmulo de pessoas na zona urbana promove problemas ainda maiores para ambos os
setores como, por exemplo, a renda média de uma família da zona rural era
apenas a metade daquela de uma família residente nos centros urbanos (LUNA e
KLEIN, 2009).
Outro exemplo é a questão de moradia. O déficit
habitacional é grande no Brasil. Existem milhões de famílias que não possuem
condições habitacionais adequadas. Nas grandes e médias cidades é muito comum a
presença de favelas e cortiços (Sua Pesquisa, 2016). A situação inadequada de
vida dos moradores de rua também é lastimável. Com o processo de urbanização no
Brasil, intensificado a partir da década de 1950, as atividades industriais se
expandiram, atraindo cada vez mais pessoas para as cidades. A falta de
planejamento acarretou no inchaço das cidades e na falta de uma infra-estrutura
adequada gera transtornos para a população urbana (CERQUEIRA, 2016).
A corrupção pode ser
relacionada nessa questão, que se refere ao desvio de verbas que poderiam ser
utilizadas para melhorias
em portos, estradas, escolas, universidades, postos de saúde, etc. Isso
contribui para o atraso econômico do país e a manutenção da pobreza (Ecofidelidade, 2016). A urbanização se
relaciona, também com a violência, pois todos estão vulneráveis aos crimes que
ocorrem, principalmente nas grandes cidades do Brasil. Diariamente têm-se
notícias de assassinatos, assaltos, sequestros, agressões, e outros tipos de
violência (CERQUEIRA, 2016).
3.7.
Violência
Nos acostumamos as notícias dos jornais, rádios e TVs com
cenas de assaltos, crimes e agressões físicas. A falta de um rigor maior no
cumprimento das leis aliada as injustiças sociais podem explicar a
intensificação destes problemas em nosso país (Sua Pesquisa, 2016). Outra
explicação se dá na desigualdade social Uma pequena parcela da população
brasileira é muito rica, enquanto a maioria é pobre, reflexo da grande
desigualdade na distribuição de renda (CERQUEIRA, 2016).
3.8.
Ecologia
O desrespeito com a natureza é exemplificado na
poluição e na extração predatória dos recursos do planeta. A poluição tem
afetado diretamente a saúde das pessoas em nosso país. Os rios estão sendo poluídos por lixo
doméstico e industrial, trazendo doenças e afetando os ecossistemas. O ar,
principalmente nas grandes cidades, está recendo toneladas de gases poluentes,
derivados da queima de combustíveis fósseis. Este tipo de poluição afeta diretamente a saúde das pessoas,
provocando doenças respiratórias
(Sua Pesquisa, 2016).
A ganância das grandes corporações impulsiona a
extração de minerais e matéria prima como madeira sem preocupação ambiental,
sem responsabilidade com a continuidade das florestas, rios e demais
ecossistemas, continuando a corroer seu próprio habitat.
3.9.
Desemprego
Outro grande vilão da dignidade do brasileiro volta a
solapar nossa sociedade, o desemprego hoje já é uma realidade encarada por
diversos pais de família. Com a retração da economia o país, que perdeu uma
oportunidade histórica de ascensão social, mas não o suficiente para gerar os
empregos necessários. A falta de uma boa formação educacional e qualificação
profissional de qualidade também atrapalham a vida dos desempregados. Muitos
têm optado pelo emprego informal (sem carteira registrada), fator que não é
positivo, pois estes trabalhadores ficam sem a garantia dos direitos
trabalhistas (Sua Pesquisa, 2016).
3.10. Racismo
De base escravocrata, O
Brasil ainda sofre com o ranço das relações raciais. O preconceito e a
discriminação racial são uma realidade, em muitos casos, velada em nossa
sociedade. Sua maior evidencia está na menor mobilidade social e acesso a
recursos econômicos. Apensar da pobreza não ser definida exclusivamente pela
cor, por exemplo, as favelas no Brasil que são centros multirraciais, constatou-se
que, entre a população de cor, o número de analfabetos é bem maior do que entre
os brancos. Em todo o país, os adultos negros e pardos têm duas vezes mais
chances de serem analfabetos funcionais do que os brancos (ou 32% contra 18% em
2002).
A renda também apresenta diferenças
gritantes entre raças. Em 2003, a renda da população branca era o dobro daquela
da população negra e parda, e isso foi observado em todas as regiões, exceto no
Norte, onde a população negra e parda tinha renda equivalente a dois terços da
renda média da população branca. O Pnud, das Nações Unidas, estimou que, em
2000, a taxa de mortalidade infantil entre os filhos de mães negras foi dois
terços maior do que entre os filhos de mães brancas (LUNA e KLEIN, 2009), outra
evidencia de que
4.
O pensamento
econômico e social de Calvino e o Brasil
Nesse ponto serão apresentadas as
relações entre os problemas sócias Brasileiros e o pensamento econômico e
social de Calvino segundo o professor André Biéler. Serão assumidos grupos de
problemas para serem tratados juntos, conforme sua a relação que possuam entre
si, para evitar a repetição de conceitos que os abordem de forma comum.
4.1.
Corrupção.
Em uma relação
direta com todos os outros problemas está a corrupção humana. O caráter ambíguo
da natureza humana, a saber: Moral espiritual e da lei, está corrompido e a
ética envolvida nos relacionamentos humanos segue as regras impostas pelo
pecado. O que se apresenta em âmbitos individuais se prolifera na esfera
pública. Os escândalos recorrentes na história da nação votaram a tona e
refletem um histórico de impunidade e institucionalização da corrupção. Para
Calvino a ética bíblica é vivida pelo evangelho, por tanto somente a atuação de
homens guiados por Deus pode soerguer o vale de ossos secos que é o caos moral
dos governantes.
Dependemos do
poder limitador de Deus no que se refere a maldade humana e confiar em seu
governo e na sua providencia, já que Ele mesmo institui governos sob seu propósito.
Outro ponto citado por Biéler, em referencia a Calvino, é o fato da igreja pode
valer-se de meios legais para se opor a corrupção generalizada instaurada na
nação.
4.2.
Infra-Estrutura, desemprego, racismo.
Nesse bloco de problemas sociais
a reflexão se coloca no sentido da mordomia humana dos recursos
disponibilizados por Deus, já que se entrelaçam em um ciclo vicioso. Para o
autor, somente a atuação redentora do ministério de Cristo pode restaurar o
padrão de humanidade na sociedade. Em Cristo o muro racial que existia entre
judeus e gentios foi abolido e, dessa forma foi evidencia que Deus não faz
acepção de pessoas por cor, sexo ou condição social, antes deseja que sua
justiça e a ética do seu reino rejam as ações humanas dessa forma ele é a
solução para a nossa falta de pudor em afundar na lógica do capitalismo a
qualquer custo.
A desastrosa maneira de propor a
vida sob a ótica do egoísmo leva uma gestão social que usurpa das condições
mínimas de muitos e detrimento de poucos, e o que seria de ganho social, no
produto do trabalho humano é injustamente pessimamente dividido gera uma parte
da sociedade com a maioria dos recursos e gozando de plena infra-estrutura em
detrimento de uma maioria que fica entregue as intempéries de uma vida sem
estrutura básica.
Cabe aos cristãos, portanto,
advertir as autoridades de seus maus caminhos, a defesa dos pobres e fracos
contra os ricos e poderosos, e o recurso às autoridades na aplicação das
sanções disciplinares prefiguram o ideal cristão em sua relação direta com o
Estado. O Estado, o homem, é o responsável pela gestão dos recursos doados por
Deus e essa partilha será cobra da conta dos que nessa vida usurpam dos
direitos e das condições mínimas dos próximos.
4.3. Saúde,
drogas e educação.
Ainda sobre a gestão de recursos e da
responsabilidade humana nessa questão, a saúde e a educação se colocam além das
questões anteriores por contruirem e preservarem o maior dom de Deus. A vida e
a abundancia dela. A comunicação é propósito e dádiva de Deus, meio pelo qual
se faz conhecido através da revelação específica, bem como a percepção da
criação através de sua observação com objetivo de se aproximar de Deus dada
através de recursos intelectuais providos pelo próprio Deus em sua revelação
geral, são alcançados pela educação e ela rendida a soberania, valores e
conceito de Deus.
A degradação humana acarretou sérias perturbações em
toda a criação, mas aos cristãos, Deus imbuiu de, através do conhecimento de
sua palavra e da ciência da responsabilidade de gestão, capacidade para
reverter o quadro opressor no que se refere a limitação intencional à educação
e a saúde, em todos os seus âmbitos. Essa limitação serve para retroalimentar o
próprio sistema, produzindo uma sociedade a margem da sociedade. Facilita a
alienação a respeito de Deus, da própria natureza humana a imagem de seu
criador, e por conseguinte, de seus direitos e valor social. O homem é
convidado, em Cristo, à restauração.
4.4. Ecologia
A terra geme e anseia pela volta
de Cristo e o completar de sua obra. A consinecia Reformada aponta para o
restaurar de todo o universo. Os mandos e desmando do homem são marca de sua
atuação corrompida no seu dever de regente da terra e será devidamente cobrado
por suas más ações. Para Calvino as obras e ações demonstram a medida da fé de
cada um. Uma humanidade que se desgarra da fé e da consciência da existência de
Deus se acha no direito de depredar sua obra, se acha no direito de usurpar de
forma predatória da criação. A mesma postura tomada contra os que praticam o
mal contra o próximo devem ser tomadas na proteção da natureza e gestão de seus
recursos. Além de uma postura de preservação, valorização e cuidado por parte
dos cristão, medidas legais precisam ser tomadas contra os que depredam e fazem
mal uso dos recursos que o próprio Deus criou para louvor de sua glória e para
habitação humana.
Dessa forma Calvino afirma que a criação
é chamada para participar da grande obra de restauração começada pelo filho,
bem como o homem recupera, ainda que parcialmente, sua soberania sobre a
natureza.
4.5. Má
distribuição de renda e violência.
A base da estrutura do
capitalismo se apresenta em forma de desperdício, estocagem e a especulação
sobre os dons que Deus lhes havia confiado para o bom uso e do bem. Isso tem
gerado a fome e a miséria da maioria em detrimento da benesse de poucos e essa
realidade brutal se apresenta como um dos motivos principais para a violência.
Passar fome e ver o próximo desperdiçar comida. Não ter onde morar ou o que
vestir e assistir os poucos esbanjar em suas posses não é bem aceito e
processado por uma sociedade de poucos recursos de percepção da realidade. Uma
bomba relógio que explode em todos os lugares de nossa nação. Essa distância do
equilíbrio econômico natural programado por Deus precisa ser combatida através
de uma mudança de realidade e de objetivos gerais da sociedade.
O colapso desse sistema tem
produzido dois caminhos claros: O uso de suas falhas para apontar um caminho
onde o próprio homem é o agente de transformação da sociedade, perdendo-se na
natureza pecaminosa e incapacidade humana de dominar o pecado, findando-se em
um caminho cíclico; ou na barbárie. Somente o Pai pode nos livrar de nós
mesmos. Calvino aponta para a Bíblia e fala que somente ela conduz a Deus.
Somente ela nos ajuda a distinguir o que é permanente do que é provisório e a
escolher as coisas que são eternas. A superabundância da riqueza dada por Deus
precisa ser de acesso a todos os homens, todos precisam reconhecer a
graciosidade de Deus através de sua obra e somente a interdependência sob a
tutela do Espírito santo pode propor ao homem uma nova forma de enxergar sua
própria existência em relação a sua função de glorificar a Deus e gozá-lo bem
como sua criação. A solidariedade é a arma demonstrada por Biéler para tal.
5.
Conclusão
A obra é de imprescindível valor
para o estudo do pensamento de Calvino no que diz respeito ao tema proposto,
bem com como uma opção Bíblica a matéria dominada por pensadores ateus e
distantes do principal, glorificá-lo apontando como causa e propósito da sociedade,
e do próprio autoconhecimento. Uma obra completa e de leitura agradável. De
valor inestimável na biblioteca de pastores, estudantes de sociologia e da
igreja como um todo, precisando ser exposta na igreja como contextualização dos
princípios bíblicos em relação ao contexto social e político vigente. Mesmo com
a distância temporal de sua confecção, o texto é também atual e indispensável
para nossos dias.
6.
Referências
Bibliográficas
BIÉLER, André. O pensamento
Econômico e Social de Calvino. São Paulo: Cultura Cristã, 2012.
Ecofidelidade. Programa de incentivo ao consumo
susutêntável. Os principais problemas sociais do brasil educação ambietal e
social. Ecofidelidade, 2016.
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˂http://www.ecofidelidade.com.br/dicas.aspx?category=1&idd=26˃. Acesso em:
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CERQUEIRA, Wagner de. Problemas sociais nas cidades do Brasil. Mundo Educação: Geografia humana do Brasil, 2016.Disponível
em: ˂http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/problemas-sociais-nas-cidades-brasil.htm˃. Acesso
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LUNA, Francisco Vidal. KLEIN, Herbert S. Desigualdade
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In: O
Sociólogo e as Políticas públicas: Ensaios em Homenagem a Simon
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Schwartzman, Michel Lent Schwartzman, organizadores. — Rio de Janeiro: Editora
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Sua Pesquisa.com. Problemas Sociais
do Brasil: Sua Pesquisa.com, 2016.
Disponível
em: ˂http://www.suapesquisa.com/religiaosociais/problemas_sociais.htm˃. Acesso em: 04/06/2016.
VENTURI,
Jacir José. Drogas: Um Problema Social, Governamental,
Escolar e Familiar. Planeta Educação, 2012.
Disponível em: ˂http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=2335˃. Acesso em: 04/06/2016.
Disponível em: ˂http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=2335˃. Acesso em: 04/06/2016.
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