“E não
vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito,
falando entre vós com salmos,
entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por
tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos
uns aos outros no temor de Cristo”.
Efésios
5:18-21
O
trabalho em questão digna-se a analisar a questão da utilização do Salmos,
hinos e cânticos espirituais sob o foco da fundamentação histórica e teológica
da utilização litúrgica da música propondo uma reflexão para a igreja de nossos
dias.
Existe grande confusão a respeito do termos “Hinos”,
“Salmos” e “Cânticos Espirituais”. Em muitos casos eles são utilizados como
sinônimos, em outros apresentam tal proximidade de conceitos que fica difícil
diferenciá-los como se vê nas definições de Davis (2005) onde conceitua: Hinos
como meditação espiritual, destinada a ser cantado no culto de adoração a Deus,
aponta o livro salmos como a coleção de hinos mais antiga que se conhece;
Salmos como coleção de poemas religiosos empregados especialmente no culto público
em honra do Deus de Israel; e, Cânticos como
composição poética, em geral pouco extensa, capaz de ser colocada em
música, para ser entoada. Cantava-se ao som de música. Quanto a utilização
desses elementos Davis afirma ainda que no NT, empregam-se três termos para designar
os cânticos cristãos: Salmos, hinos e cânticos espirituais, ou odes. Já Josefo
emprega duas dessas palavras, Hinos e Odes em referência aos salmos de Davi. Já
os cânticos serviam para fins seculares ou religiosos, em louvor dos homens ou
de Deus, e para exprimir profundas emoções de gratidão e reconhecimento, e para
as alegrias do vinho.
Estes termos podem ser verificados
na bíblia (Ef 5:19 e Cl 3:16) e o consenso é de que essas palavras tanto podem
referir-se a reuniões sociais como ao serviço do culto divino. A característica
marcante é o louvor alegre e feliz Já quanto a distinção
não
é possível fazer-se distinção precisa entre salmos, hinos e cânticos
espirituais, já que não é a intensão de Paulo nos instruir quanto a hinologia,
logo rica variedade do canto sagrado é o objetivo da narração (VAUGHAN, 1986).
Ainda, para VAUGHAN (1986):
“Se se fizer alguma
distinção, deve-se entender que na palavra salmos a referência é naturalmente
aos salmos do antigo testamento, enquanto hinos e cânticos espirituais são
composições tipicamente cristãs, sendo as referidas por último lugar
provavelmente improvisos rítmicos sob a influência do Espírito Santo”.
Corroborando com essa afirmação Carson
(2009), pontua que “Salmos, Hinos e Cânticos espirituais é uma expressão ampla
e inclui salmos do AT, hinos litúrgicos bem como Cânticos cristãos espontâneos”.
Apesar da controvérsia assumiremos o conceito distinto de Salmos como a
metrificação do livro bíblico de Salmos, Hinos como composições cristãs e
Cânticos Espirituais com improvisos rítmicos ou espontâneos contemporâneos.
A
intenção de se refletir a respeito do uso dos salmos, hinos e dos cânticos
espirituais tem por objetivo responder a pergunta: “Qual a forma correta de se
adorar e render louvores a Deus”. O Breve Catecismo de Westminster nos propõe,
em sua segunda pergunta: “Que regra Deus nos deu para nos dirigir na maneira de o
glorificar e de nos alegrarmos nele?” A resposta encontrada pelos Estudiosos
foi que “A Palavra de Deus, que se acha nas Escrituras do
Antigo e do Novo Testamentos, é a única regra para nos dirigir na maneira de o
glorificar e de nos alegrarmos nele” (O Breve Catecismo, 2009). Já que a intenção é a de agradá-Lo através dos
preceitos encontrados em Sua Palavra A Confissão de Fé de Westminster, capítulo
21,§ 5 declara, a respeito da liturgia:
“A
leitura das Escrituras, com santo temor, a sã pregação da Palavra e a
consciente atenção a ela, em obediência a Deus, com entendimento, fé e
reverência, o cântico de salmos, com gratidão no coração bem como a devida
administração e digna recepção dos sacramentos instituídos por Cristo são
partes do culto comum oferecido a Deus, além dos juramentos religiosos, votos,
jejuns solenes e ações de graça em ocasiões especiais, os quais, em seus vários
tempos e ocasiões próprias, devem ser usados de um modo santo e religioso”
(Bíblia de Estudo Genebra, 2009).
Em busca de uma reflexão sobre as
práticas descritas pelos termos supracitados, proporemos, através de análise de
referências bibliográficas, evidências históricas e exposição do conceito de
liturgia, bem como a utilização da música no fazer litúrgico de Lutero, Calvino
e dos Evangelistas do sec XIX, propondo uma prática bíblica de conceito
Reformado para nossos tempos.
2.
Salmos,
hinos e Cânticos Espirituais
Segundo Amorese (2004), A missão da Igreja é Celebrar a
multiforme sabedoria de Deus revelada no evangelho. Por isso as funções do
culto são delimitadas por ele como: O anuncio do evangelho; O aperfeiçoamento
dos santos; O desempenho cristão; A promoção da maturidade dos santos; A
edificação da igreja. Já com relação a celebração os elementos essenciais são: Rituais
(dramatização de conteúdos e segmentos de significados da boa nova); Educacionais
(Doutrina, liturgia, ensino, exemplos etc.); Catárticos (Extravasamento,
purificação, arrependimento, reconciliação etc.); De Controle (Admoestativos,
exortativos, proféticos). Para ele Celebrar é dramatizar; é viver e reviver,
por meio dos gestos, ritos, rituais e artefatos simbólicos, os conteúdos do
evangelho. Por isso seu conteúdo devem ser a iniciativa revelada de Deus,
graça; resposta esperado do homem, graças. Dentro desse pensamento a música
exerce papel importante na celebração e esse tema foi abordado com reverencia
pela reforma.
2.1.
Lutero
(1483 - 1546) e os Hinos
Lutero
valorizou a música em sua proposta educacional, tanto quando na prática
litúrgica. Ele insistiu para que os príncipes, reis e senhores luteranos investissem
na música tanto para o povo quanto na igreja. (BLUM 2003)
Uma evidencia documental pode ser
encontrada em sua carta a João, O Constante, em 20 de julho quando pede:
Finalmente,
meu mais gracioso Senhor, eu solicito novamente que Sua Graça Eleitoral não vá
permitir que os Kantorei deixem de existir, especialmente depois
daqueles que, no presente são seus membros, foram treinados para tal trabalho;
além disso, a arte é digna de ser suportada e mantida por Príncipes e Senhores,
muito mais que outros esforços ou empreendimentos para os quais não há de perto
tanta necessidade... Os bens e possessões dos mosteiros poderiam bem ser
utilizados para tomar cuidado deste povo. Deus obteria satisfação de uma tal
transferência.
Outra evidencia encontra-se
em “Contra os Profetas Celestiais na questão de Imagens e Sacramentos” (1525)
onde comenta sobre o canto e sobre uma liturgia alemã:
Gostaria hoje de ter uma Missa Alemã.
Também estou ocupado com ela. Mas eu gostaria muito de ter um verdadeiro
caráter alemão. Pois para traduzir o texto latino e manter o tom ou notas
latinas tem a minha sanção, embora não soe polido ou bem feito. Tanto o texto e
as notas, acento, melodia, como a maneira de execução deve originar-se da
verdadeira língua materna e suas inflexões, de outra maneira tudo torna-se uma
imitação, à maneira de macacos. (BLUM, 2003)
Para
SCHALK (2006), o posicionamento de Lutero quanto aos paradigmas do louvor pode
explicado através de cinco reflexões. Primeiro o fato da música ser criação e
dádiva de Deus. Citando STRUNK (1950), afirma que: “O Espírito Santo, sugeriu
Basílio, combinava o prazer da melodia com ensinamentos afim de que através do
deleite e da suavidade do som, nós recebêssemos sem perceber o que era útil nas
palavras.
Segundo,
para Lutero a música possuía caráter proclamador e de louvor. A função
principal da música era o louvor ao criador, fonte de todas as bênçãos e
agradecimento à redenção do mundo conquistada em Cristo. O terceiro paradigma é
o da música como canto litúrgico. Tinha como preocupação a continuação da
liturgia cantada, a música como veículo para envolver o crente no entoar da
liturgia.
O
quarto paradigma é o da música como a canção do sacerdócio geral de todos os
crentes. Ponto culminante de seu argumento. Se todos são sacerdotes quanto
maior a participação da comunidade de crentes mais esse caráter sacerdotal
estaria em voga. O quinto paradigma é o da Música como sinal de continuidade de
uma igreja uma. Para Lutero a música auxiliava a demonstra o caráter unificado
da igreja.
A
prática litúrgica de Lutero tinha posição de destaque, afirma que "Depois
(ao lado) da teologia, à música o lugar mais próximo e a mais alta honra".
Para ele a música e canto, quando utilizados de forma correta levava os homens
a adorar a Deus já que "As notas musicais vivificam o texto".
Precisaria ser um "sermão em sons" a certeza de Lutero era tamanha
que afirmou: "Deus mesmo fez com que o evangelho fosse anunciado com
música". Por isso para Ele o cântico congregacional só poderia alcançar
seu alvo se a palavra de Deus fosse anunciada. O cântico popular era
conceituado por Lutero como o um cântico que explicasse ao povo o evangelho e o
auxiliasse a interioriza-lo. (MÓDULO, 1996)
2.2.
Calvino
e os Salmos
“Todas as maravilhas da civilização grega,
tomadas no seu conjunto total, são menos admiráveis do que este simples livro dos
Salmos”.
W.
E. Gladstone (Manual Bíblico)
A
importância dos livro de Salmos é inegável no fazer litúrgico de toda história
do Judaísmo, bem como da igreja cristã. Quanto a sua coleção e compilação STAPERT (1998)
afirma que “foram adaptados para propósitos litúrgicos – em particular, para
cantar nos ritos sacrificiais realizados no templo”. O decorrer da história
demonstra a importância do uso dos salmos como constituinte da celebração no
culto público e no cotidiano dos crentes de todos dos tempos.
No
Culto Judaico “cada dia da semana tinha seu salmo apropriado e o Hallel (salmos
113-118) era cantado nas Luas Novas e nas Festas (BATE, 1980). Além da Páscoa,
McKinnon (1986) aventa a possibilidade do Hallel também ser cantado no primeiro
dia do Pentecostes, nos oito dias da Festa dos Tabernáculos e nos do Hannukah” (CARDOSO,
2011). A tradição vai da tradição da casa para o templo por isso salmos eram
tanto a “música
da igreja” quanto “música de casa” para os judeus. Stapert (1998).
É inegável a força dos salmos na cultura judaica, ela pode ser evidenciada no
ministério de Cristo. Faziam parte da natureza mental de Cristo, ao ponto de,
em suas últimas palavras citar textos desse livro (22:1; 31:5; Mt 27:46; Lc 23:46). Ele
mesmo afirma que muitas coisas a seu respeito estava escrita nos salmos (Lc
24:44). (Manual Bíblico, 1970).
Na Igreja primitiva o uso pode ser
evidenciado pelo que escreveu Tertuliano (morto em 215 d. C.) em Apologeticum XXXIX:
“Depois de lavar as mãos e acender as lâmpadas, cada um é incentivado a vir
para o meio e cantar a Deus, seja das sagradas escrituras ou de sua própria invenção”.
A afirmação demonstra tanto o uso de canções de autoria dos próprios crentes
como o uso dos salmos. (MCKINNON, 1987). Já a partir século IV com a oficialização
da religião pelo Império Romano a liturgia passa, também por um processo de
institucionalização afastando a música de sua origem devocional nas refeições
comunitárias.
Segundo John Sttot (2012) a definição básica de adoração
no saltério é “louvar o nome do Senhor” ou “dar ao Senhor a glória devida ao
seu nome”. Entende-se “nome” pela soma total de tudo o que ele é e de tudo o
que tem feito. É adorado nos Salmos como
“Criador do mundo” e como “Redentor de Israel”. Salmo 104 admiração pelas maravilhas
de da obra de Deus. Salmo 105 Maravilhosas obras de Deus na forma especial como
Deus lida com o podo da Aliança. Salmo 106 pela sua paciência de Deus para com
seu povo. Salmo 107 louva a Deus por seu amor constante. Salmo 136 agradece ao
Senhor por sua bondade na criação e na redenção. Israel não adorava uma deidade
abstrata ou distante, mas como o Senhor da natureza e das nações, que revelou a
si mesmo por meio de atos concretos, ao criar e sustentar o mundo ao redimir e
preservar o povo que lhe pertencia.
Quanto à
prática musical de Calvino afirma-se que na limpeza que fez em suas igreja, foi
permitido apenas salmos versificados, já seu contemporâneo e também reformador
suíço Zuínglio não permitiu músicas no culto (WALTER in BLUM,
2003). Calvino acreditava que só se poderia cantar Salmos por isso instituiu
que fossem cantados metricamente, em uníssono e a capella. Com auxílio profissional ele publicou, em 1539, o Saltério Genebrino, com 150 salmos
metrificados. Esse saltério contou com canções populares com salmodia
exclusiva, criando distinção entre música sacra e profana. O Saltério
Genebrino tornou-se, rapidamente, muito popular e influenciou
consideravelmente os saltérios posteriores na Inglaterra, Escócia e América. (MARASCHIN,1983).
2.3.
Os
evangelistas e os Cânticos Espirituais
O
professor Parcival Módolo nos
demonstra como a partir do século dezenove houve uma mudança brusca no foco da
música sacra em seu texto “Música
Tripartida: Herança do Século Dezenove” (1996). A música (Instrumentos e
partituras) passa ser produzida em série e passa frequentar as grandes sala de
espetáculos e de concertos musicais, favorecendo o tecnicismo e o virtuosismo
instrumental. A arte passa a ser destinada a um público selecionado, uma arte
“superior” exclusivista, supérflua e dispensável.
Módulo
pontua que:
O compositor do século dezenove,
trabalha não mais a serviço de um aristocrata ou de uma instituição, como o
Estado ou a própria Igreja, mas sim para um ouvinte desconhecido, para
um público, seu estranho. O ser humano que sabe compor músicas passa a
ser considerado uma espécie de "ente superior"; um
"profeta" na opinião de Schumann e dos seus admiradores.
Rookmaaker (2010) afirma que a partir de então se tornou a
arte pela arte, um tipo de religião irreligiosa em que a religião não possui um
papel claramente definido. Alguns se sentem como se estivessem olhando para as
roupas novas do imperador.
A
música passa a ter três classificações: a Música Popular, a Música
"Erudita" e a Música Sacra com transito quase inegociável
entre ele, no que diz respeito ao local e situação de execução (MÓDOLO, 1996).
Vieram, então, as campanhas evangelísticas
que tornaram-se uma espécie de modelo do evangelismo de massa da época. Através
de evangelistas como Moody, Sankey, Torrey e Finney nasceu o gospel song, ou
canção evangelística um gênero musical com função de sensibilizar os grandes
auditórios. O paradigma teológico havia sido mudado, se antes o alvo das
canções era Deus a partir do século dezenove o alvo da canção sacra é o
homem.
Ainda
segundo Módulo, a prática liturgica da música no brasil tem sua origem no casal
Robert e Sara Kalley e na missão presbiteriana com Simonton. Os primeiro
Hinários são formados por hinos traduzidos com composições típicas do século
dezenove. A “gospel song” tornou-se o estilo mais cantado e conhecido por seu
caráter evangelístico, passando a ser considerado um estilo litúrgico. Coube a Sara
Kalley a criação do hinário protestante no Brasil, os Salmos e Hinos.
3.
Considerações
Finais
Longe
de propor uma fórmula de como se deve usar a música na liturgia, este esforço
acadêmico procura propor uma utilização refletida da mesma, levando em
consideração seu caminho histórico e teológico. O professor Anglada (2005)
nos adverte:
“Os cuidado do mundo e a fascinação das
riquezas” tem desviado a atenção das pessoas das questões essenciais da vida:
As questões filosóficas e espirituais. Mesma quando, afligido pela própria
sociedade secularizada em que vive, o homem de nossa época se volta para
questões espirituais, ele tende a tornar-se espiritualista, sincretista,
supersticioso e animista, em consequência da profunda ignorância espiritual
contemporânea.
Por isso nossa reflexão deve levar
em consideração, não um estilo de se fazer ou a impressão de uma marca para
identificação de uma denominação. Nossa posição deve ser baseada na busca por
tentar resolver questões filosóficas e espirituais.
Quanto a controvérsia histórica
entre salmodia e hinologia que se inicia em Laodiceia, em meados do séc. IV
(SCHAFF, 2002), e que culmina em 633, com o Concílio de Toledo que “rejeitou a
posição de que era ilegal cantar hinos compostos por seres humanos simplesmente
porque eles não eram tomados das Escrituras ou autorizadas por longa tradição” (CABANISS,
1985), essas discussões culminaram em uma compreensão comunitário de que os
salmos metrificados são de grande valor para o culto público, mas não assume
caráter exclusivista. Essa posição é apoiada pelo fato de que após o século
VII, a Igreja, de modo geral, se mostrou disposta a admitir o cântico de hinos
não baseados nos trechos das Escrituras, recuperando a prática comum do início
da Igreja cristã e preservada na Igreja oriental. (MCKINNON, 1987)
O
que pode nos nortear quanto a qualquer desavença a respeito de alguma imposição
são as três maneiras pelas quais os cristãos estão vivendo segundo a aprovação
de alguém que não é Deus. Na visão de Harris (2013): Primeiro é a de
preocupar-se com a geração passada. Em vez de viver pela aprovação, ficam
ocupado em reagir a pessoas que já foram; Segundo tentar impressionar os
perdidos para alcança-los cruzando as fronteiras da cultura; Em terceiro lugar,
Alguns cristãos que fogem totalmente da cultura. Trancam-se dentro da sua
pequena subcultura cristã, entram em seu pequeno gueto cristão e fazem do seu
objetivo impressionar outras pessoas dentro de sua pequena panelinha cristã. A
busca desse se pela aprovação de Deus.
Cabe aqui, apontar alguns requisitos
básicos para a utilização da música no exercício litúrgico. O primeiro é que a
música
deve ser feita para Deus. Em um “sentido sentido, a adoração tem um público de
apenas um, pois é dirigida ao próprio Deus. Inúmeros salmos do antigo
testamento se dirigem diretamente a Deus”. (CARSON, 2009).
O segundo é que as verdades bíblicas
precisam ser expressas. Em detrimento de uma salmodia exclusiva o professor NOGUEIRA
afirma quanto a letra que: As metrificações empobrecem
os conteúdos e ao tentar enriquecê-los cai-se fatalmente na paráfrase; Não se pode afirmar que os saltérios existentes consigam
contemplar o que se fala nos Salmos, incorrendo no risco de interpretá-los para
acomodá-los na métrica; A necessária cristianização dos Salmos:
Para nós o Messias já veio. Não há mais sentido em cantar “Eu te louvarei
Senhor ...”, pois agora já o louvamos. Com relação a afirmação “Somente a
palavra inspirada por Deus é digna de ser cantada em seu louvor”, declara ainda
se assemelharia a proibição de não se orar nenhuma outra oração que não o Pai
Nosso já que nem Israel se limitava aos salmos como vemos nos outros cânticos explicitados
na Bíblia (NOGUEIRA,
2016), cabe a nós pensarmos nos salmos como referencial.
Uma expressão recorrente nos
próprios salmos aponta para o caráter passageiro da revelação contida no livro
de Salmos. É a “um novo cântico” que aparece nos salmos pelo menos 7 vezes (Thompson,1999).
Como: “Cantai-lhe um novo cântico” Sl 33:3; 149:1; “Cantarei um novo cântico”
Sl 40:3; 96:1; 98:1; e “Pôs um novo cântico na minha boca” 144:9. O tom dessa expressão não denota ineditismo, mas
a ideia de fresco, não mofado, gerado por uma consciência renovada de quem e do
que é Deus, ou de viçoso, agradecendo por “novas” misericórdias (CARSON, 2009),
o que corrobora com o pensamento de Nogueira (2016) que
aponta como novo, o ângulo com que vemos a história. Àquilo que Jesus falou a
seus discípulos: “... muitos profetas e justos
desejaram ver o que vedes e não viram; e ouvir o que ouvis e não ouviram” (Mt
13.17).
Outra questão de extrema relevância é
levantada por Rookmaaker (2010) e diz respeito ao “decoro”. Existe sim, certo e
errado na utilização da música no serviço litúrgico. É preciso tratar cada
situação e objeto da arte sem negligenciar seus limites. O correto é utilizar a
forma levando em consideração o tema; e o tema ser tratado de forma reverente decorosa.
Logo, em sua relação como o decoro, gosto é o sentimento em relação ao que pode
ou não ser feito em um tempo e lugar específico.
É importante seguir os passos dos grandes nomes do
passado que produziam suas obras a partir de suas genialidades e ideias sem se
deixar levar por tendências. O intuito é operar em uma perspectiva básica da
vida e da realidade. Esse pensamento se aplica a produção de músicas para
dentro e fora da igreja. Pensando em músicas de evangelismo, o pensamento é que
assim como as pessoas mostram quem são por meio de suas roupas e movimentos,
essas coisas (música, cartazes ou, em uma palavra, arte) são os elementos que
formam nossa primeira comunicação (Rookmaaker, 2010).
Schaeffer (1980) afirma que a “tarefa
de pregar o evangelho é a proclamação de ideias, das candentes ideias
comunicadas aos homens, como no-las revelou Deus mediante as Escrituras
sagradas”. Por isso nossas doutrinas devem ser expressas em ideias da melhor
forma possível, já que cremos que ela é a ideia revelada por Deus na Bíblia.
Ela pode ser simples; porém, ela deve ser clara, nunca tola ou superficial.
Deve ser disponível para ser apreciada por pessoas comuns (Rookmaaker, 2010).
Nosso fazer litúrgico de ter como
norma o amor a Deus e ao próximo (Rookmaaker, 2010), o culto expressa
nossa comunhão com Deus e ela é vivida no convívio fraterno da igreja, “essa
comunhão com Deus e do amor de Deus devem dar-se no íntimo de nosso ser. Deus
deu ao seu povo, por meio de sua palavra, a mensagem redentora do evangelho, e
devemos estar dispostos a lutar por sua integridade e transmissão fiel”. (HARRIS,
2013). Devemos nos importar com a ortodoxia e com o pensamento correto sobre
quem Deus é e como ele salva por meio de Jesus Cristo. Por que de nada vale
falar do amor a Deus se não se compreende que esta gloriosa verdade pertence ao
mundo interior dos nossos pensamentos (SCHAEFFER, 1980).
No fazer litúrgico a música deve ocupar
nossas preocupações para um caminhar bíblico e com o alvo em Glorificar e
agradar a Deus, levando em consideração a comunidade da fé. Devemos cuidar das
letras, da utilização das músicas corretas para cada ocasião com o anseio de
que as “declarações verdadeiras sobre Deus sejam feitas, pois queremos a glória
dele” (HARRIS, 2013).
4.
Referencias
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Carl F. Schalk in Luther on Music: paradigms of praise, p. 24. In BLUM, Raul. Os Paradigmas
de Lutero para a Música Sacra. Igreja Luterana - nº 1 - 2003 Artigo
Disponível em: <http://www.seminarioconcordia.com.br/seminario/documentos/il/120/IL20031.pdf> Acesso em 19/10/16.
Disponível em: <http://www.seminarioconcordia.com.br/seminario/documentos/il/120/IL20031.pdf> Acesso em 19/10/16.